“Japanese is very simple to speak compared with other languages. There are no articles, no ‘the,’ ‘a,’ or ‘an.’ No verb conjugations or infinitives…Yukimasu means I go, but equally you, he, she, it, we, they go, or will go, or even could have gone. Even plural and singular nouns are the same. Tsuma means wife, or wives. Very simple.”

“Well, how do you tell the difference between I go, yukimasu, and they went, yukimasu?”

“By inflection, Anjin-san, and tone. Listen: yukimasuyukimasu.”

“But these both sounded exactly the same.”

“Ah, Anjin-san, that’s because you’re thinking in your own language. To understand Japanese you have to think Japanese. Don’t forget our language is the language of the infinite. It’s all so simple, Anjin-san.”

Mariko, in James Clavell’s Shōgun

Interessante como foi só eu começar a estudar japonês e já cruzei com um termo interessante — e inexistente em outros idiomas, graças a um artigo da Open Culture de julho de 2014 que alguém postou na timeline local da instância do Mastodon em que eu estou, essa semana.

Me identifiquei na hora — e não apenas por conta da palavra que existe só em japonês, 積ん読, ou tsundoku, como no título deste post — porque sou um acumulador de livros confesso, tanto que tenho uma camiseta com a seguinte citação, que dizem ser atribuída ao escritor americano Daniel Handler, que também atende pelo pen name de Lemony Snicket:

“It is likely I will die next to a pile of things I was meaning to read.”

Lemony Snicket

É de fato provável que eu seja encontrado morto próximo de uma pilha de coisas que eu pretendia ler. Frase que ilustra com perfeição o termo tsundoku, que, afinal de contas, representa o ato de comprar livros e deixá-los acumular em pilhas, sem que tenham sido lidos.

A palavra, pelo menos de acordo com o artigo, data do começo da era moderna japonesa, chamada de era Meiji (1868-1912). Tsundoku, que em tradução literal significa pilha de leitura, e se escreve 積ん読Tsunde oku significa deixar algo formar uma pilha, sendo escrito como 積んでおく. Alguém na virada do século parece ter trocado oku (おく) em tsunde oku por doku () – que significa ler. E como — ainda de acordo com o texto do artigo — tsunde doku é difícil de dizer, a palavra foi mexida para formar tsundoku.

Se a história da formação da palavra é real ou não, o que ela representa não deixa de ser verdade. Mesmo no meu caso específico, em que as pilhas se formam mesmo através dos arquivos de e-books que eu tenho armazenados no meu Kindle e no Bookfusion.

“And it’s a human need to be told stories. The more we’re governed by idiots and have no control over our destinies, the more we need to tell stories to each other about who we are, why we are, where we come from, and what might be possible.”

Alan Rickman, 1946-2016