Daniel Santos

Procure nos livros!

Artigo publicado em 11/11/2005 para a rádio Antena 1.


Desde a época da minha faculdade uma discussão que até hoje se vê por aí já acontecia: Copiar livros é ilegal? Para responder, precisamos entender os pontos de vista dos dois lados. As editoras precisam vender suas cotas, produzidas a cada instante. Os estudantes, usando as informações dos livros, são os pivôs da discussão, pois tiram xerox daquilo que precisam. Onde esta discussão toda vai parar eu não consigo dizer. O que posso dizer é que, no exterior, problemas similares ocorrem. A possibilidade de digitalizar o conteúdo de livros e disponibilizá-los na Internet para que possam ser consultados é o xis da questão aqui. O Google Print, serviço controverso da empresa de busca de Mountain View, na California, quer transformar bibliotecas de papel em bibliotecas de bytes.

Mas não é tão fácil quanto parece: Embora a empresa tenha contactado universidades como Stanford e Harvard, nos Estados Unidos, para digitalizar o conteúdo de seus livros e torná-los disponíveis para busca, há sempre a barreira legal. A Associação dos Autores e a Associação das Editoras Americanas estão processando a empresa, querendo que ela desista da idéia. Mas desde o começo do mês o Google digitaliza livros, protegidos por copyright ou não. Segundo quem o processa, a abordagem do Google não é simpática: Eles não pedem autorização para digitalizar nada, mas uma permissão por escrito de cada autor deveria ser obtida. O Google argumenta que digitaliza apenas trechos dos livros para citá-los, o que qualquer jornal ou revista faz quando critica uma obra.

Macmillan, grande editora americana, também começa a preocupar editores e autores. A empresa desenvolveu por conta própria uma solução que também criará um catálogo para a pesquisa de livros digitalizados on-line, batizando-a de ~BookStore. A Macmillan pretende disponibilizar a compra de livros depois das buscas. A diferença em relação ao Google Print, diz Richard Charkin, presidente da editora, é que eles procurarão apoio em autores que desejam distribuir seus trabalhos on-line mas que não têm dinheiro para investir em tecnologia. Estes autores poderão disponibilizar obras no ~BookStore e em sites como Google, Yahoo e MSN.

Enquanto isso, a Amazon, maior livraria do mundo em volume de vendas pela Internet, avança com seu Search Inside the Book. Lançado há cerca de dois anos, o sistema permite buscar termos no conteúdo dos livros. Usuários registrados podem surfar livremente pelos seus conteúdos, antes de decidir comprá-los. O diferencial da livraria é seu serviço Amazon Pages: Permitindo que se compre apenas um determinado capítulo ou página do livro por vez, isso sim me lembra os tempos da faculdade. Compra-se e paga-se apenas aquilo que for de fato ser utilizado. Se der certo, pode ser que finalmente contemos os dias para o fim das filas nas copiadoras das faculdades. E se alguém quiser o livro todo, pode comprar o restante através do Amazon Upgrade. Só por esses dois serviços, meu voto vai pra eles, e deixo Google e Macmillan disputando o segundo lugar de um mercado que ainda tem muitas barreiras legais por transpôr.