Daniel Santos

Foi dia das crianças, certo?

Artigo publicado em 13/10/2005 para a rádio Antena 1.


Tá bom, eu admito. Uma ponta de pecado capital toma conta de mim ao ouvir falar de Dia das Crianças. A data, que está bem no meio desta semana, me faz desejar ser pequeno de novo só pra que eu pudesse pedir ao meus pais um Playstation 2 de presente. Ah, só de olhar pra aquele console todas as vezes em que eu passo na frente de uma loja ou magazine, meus olhos chegam a brilhar. Me faz voltar no tempo e lembrar da época em que eu juntava mesada pra economizar e comprar algum brinquedo mais caro.

Mas tentem me culpar. Vejam vocês mesmos se não sentem a mesma vontade, e se também não se transformam em crianças quando, mesmo que a segunda versão do video-game da Sony não lhes faça ficar com as mãos coçando, vêem em sua frente o Playstation Portable, ou PSP, video-game portátil, também da Sony. Ou qualquer outro “brinquedo”: Aquele iPod, aquele celular de última geração com TV integrada, um laptop, uma câmera digital, um MP3 player.

Foi num belo dia das crianças, aliás, que alguns anos atrás um amigo meu chegou em casa com um grande pacote, embrulhado com papel colorido com motivos infantis. Seu filho, obviamente, maravilhou-se com o que poderia estar lhe aguardando. Ao perguntar ao pai do que se tratava, meu amigo abriu seu melhor sorriso e anunciou aos quatro ventos que aquele era um Playstation, na época o primeiro deles.

A alegria do filho só não foi maior que a do meu próprio amigo. Ainda me lembro da seqüência da história que ele me contou, e de como sua esposa lançou-lhe um dos olhares mais tortos que ela podia ter lhe lançado. Ainda assim meu amigo se safou ileso. O Playstation era pra ele, mais do que para o filho. Mas é algo perdoável. No exercício de seu lado criança, comprou para si um brinquedo com o qual não só seu filho, mas também ele, ainda que já com muito mais anos, pudesse brincar a vontade.

E pra que eu não diga que não exercito meu lado criança todos os anos, meu aniversário cai bem próximo do dia 12 de outubro. E eu, é claro, sempre me dou de presente algo tecnológico. Este ano, até que não abusei. Movido pela necessidade, minha vítima foi o meu monitor. O velho Samsung Syncmaster 15GLe, com suas 15 polegadas e tela plana, já me prestara anos e anos de (bons) serviços. Não demorou e uma surfada na Internet me trouxe às mãos seu sucessor: Um belo LG Flatron Ez, de 17 polegadas, também com tela plana, pois a primeira vez nos acostuma mal. Meu dia das crianças, assim, já está feito.

Mas deixar a criança dentro de nós falar mais alto não é pecado. Devíamos é agradecer às inovações tecnológicas todos os dias. Afinal de contas, assim como os tratamentos cosméticos fazem com que as pessoas pareçam renovadas externamente, um novo gadget é, sem sombra de dúvida, um remédio e tanto para trazer uma carga nova de juventude à alma de qualquer um.