Daniel Santos

Costureira

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Minha avó era costureira das boas, e durante muitos anos dar aulas de costura foi o que ela fez para criar minha mãe e meus dois tios no interior do estado de São Paulo.

Morando com minha mãe depois que ela e meu pai se casaram, tive oportunidade de ver ela costurando em casa: fazia roupas pra fora e roupas pra mim e minha irmã também. Visitava as lojas de tecido na nossa cidade e comprava metros de pano com os quais produzia suas obras de arte. Me lembro especialmente dos fantásticos pijamas de flanela que ela criava pra gente e que eram tão quentinhos no inverno.

Saudades da minha avó.

Fast forward to 2022. Em busca de alguém que pudesse reformar uma camisa social de manga longa que eu adoro, para transformá-la em camisa de manga curta, encontrei uma costureira no bairro vizinho, com quem deixei a camisa.

Hoje fui buscar a camisa e, enquanto falava com a costureira, contei pra ela sobre a minha avó, e sobre como eu admiro quem sabe costurar.

Ela me disse algo que é a mais pura verdade: praticamente ninguém mais se interessa por aprender a costurar, e em 20 anos ou menos, a profissão dela e da minha avó terá praticamente desaparecido.

“No futuro”, ela disse, “as crianças de hoje mal saberão trocar a resistência de um chuveiro, que dirá saberem costurar”.

Concordei. E deixei mais três camisas para reformar e buscar na semana que vem.

Saudades da minha avó.